Person José Jacinto Nunes

Notes

Dr. José Jacinto Nunes



Grande paladino da Democracia, nascido em Pedrogão Grande, em 25 de Outubro de 1839, morreu em Grândola em 9 de Novembro de 1931. Destinado à carreira eclesiástica, e internado no seminário de Coimbra, abandonou esse projecto e matricolou-se em Direito na Universidade, em 1860, concluindo a formatura em 1865.
Quando académico, foi dos mais entusiastas pelos principios da Revolução Francesa. Dedicando-se à advocacia na sua terra natal, veio depois a abrir banco em Lisboa, onde foi subdelegado do procurador rêgio. Em 1866 foi nomeado administrador do concelho de Grândola e, no ano seguinte, do de Torres Vedras, voltando para o de Grândola, meses depois. Em 1869 esteve ainda como administrador do concelho de Abrantes, mas tendo casado em Grândola, fixou nesse mesmo ano residência nesta vila onde passou a ocupar, ininterruptament, o lugar de presidente da Câmara Municipal durante muitos anos. Em 1870 apresentou a sua candidatura, como deputado republicano, pelo cîrculo de Setubal, mas só em 1893 é que entrou para o Parlamento como um dos representantes da cidade de Lisboa.
Entrou em todos os movimentos do partido republicano e colaborou em vários jornais, especialmente no "Democracia" de que foi um dos fundadores. Tomou parte em todos os congressos do partido, sendo duas vezes preso por factos que se relacionavam com as suas crenças políticas. Proclamada a República manifestou sempre a sua isenção, não aceitando cargos nem honrarias. Sem abdicar dos seus princípios, quando em pleno Parlamrnto se digladiavam deputados de todos os partidos, o dr. Jacinto Nunes pugnou intransigentemente por uma larga amnistia aos monárquicos. Profundamente idealista, defendeu sempre as prerrogativas municipais e uma acção do Estado amplamente descentralizadora. Nos seus últimos tempos mostrava-se desalentado, evocando os tempos em que com Teófilo Braga, Basílio Teles, Manuel de Arriaga, Sampaio Bruno e outros, sonhava e preparava o advento da República. Meses antes de morrer, sendo entrevistado por um jornalista, ofereceu-lhe um expemplar do seu livro "Reinvidicações Democráticas", riscando-lhe o título na capa e no frontespício, que emendou para "Ilusões Perdidas". Publico "Descentralisação de Lisboa", 1870; "Reindivicações Democráticas", 1886 e "Projecto de Código Administrativo", 1894.